terça-feira, 5 de novembro de 2013

O que realmente importa

Quanto mais cansada estou, mais vontade tenho de escrever. Que vício este, espécie de instinto de autopreservação, que me mantém a sanidade. Preciso escrever, às vezes tenho até vontade de voltar à escola e tirar um doutoramento em física quântica, tivesse eu as qualificações para tal. Chego ao fim do dia de discussões pífias, de provérbios e frases bonitas, com vontade de ler Wittgenstein e esquecer o tempo, o modo e as pessoas. Preciso muito de abstrair-me para continuar a exercer a actividade que me põe o pão na mesa. Preciso de tudo o que sirva de escape: de criar, de escrever, de esgaravatar a terra, de desligar o telefone e dormir uma sesta à hora do expediente. Preciso de uma certa, pequena, dose de humanidade, com a qual me possa rir e relativizar e esquecer e relembrar o que é realmente importante: uma criança que aprende a dar beijos com barulho, um cão que te acompanha no choro, um homem que se confessa saudoso.

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