terça-feira, 5 de novembro de 2013

O Amor

Um dia, vou escrever sobre o Amor. Serão muitos capítulos resumidos em três páginas que contam o que me disseste numa noite e que me lembro diariamente como quem reza um terço. Embriagados, numa casa que fora nossa e agora era uma ausência, uma elipse do que foi quando a enchíamos de gargalhadas e filhos. Tu dizias: se te fizesse feliz. Nesse momento, eu resumi-me, tornei-me pequena, diminuí no tamanho e no coração e vi, pela primeira vez, que me amavas mais do que eu, ou, pelo menos, que o teu amor se escrevia em maiúsculas. Tu dizias: suportaria que me traísses se isso te fizesse feliz, que tivesses sexo com outras pessoas, se isso te completasse, e, nesse momento, vi não só que o teu amor por mim era impossível de caber numa esquadria como me enfiavas, resolutamente, na categoria dos humanos. Não posso dizer que não fiquei feliz.

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