domingo, 18 de maio de 2014
Primavera
Há dias em que até tenho medo de ir lá fora, deitar-me ao vento e aos pássaros e ao aroma psicotrópico de exala o jasmim, a madressilva e o maracujá. São dias perigosos de coração sem rédeas que se deixa ir. Experimento. Se não me mexer estou a salvo. Deito-me no baloiço, fecho os olhos e tento abstrair-me pelo som do vento, os badalos das ovelhas e o frenesi sexual da passarada. Sim, eu sei, os sons aqui são sempre iguais, o que muda é o ouvido de quem os ouve. Há dias em que quase não se ouve nada e há outros, como este, que há uma orquestra lá fora. O meu coração a trote do pensamento que se mistura com um aperto bom no coração, uma bola que sufoca a garganta e um nervoso infantil de apaixonados. Como dizia o outro, o amor é mesmo fodido. Vem e volta, sempre igual, tenhas doze anos ou setenta. Pelo menos, na cabeça. É daqui que o meu hoje não vai sair. Assim tenha rédeas nesta natureza que desperta.
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