terça-feira, 29 de abril de 2014
Noites rosa-choque
Sentada no alpendre quente, aqueço o rabo na brisa que cai - por aqui há sempre uma brisa - e olho o céu às fatias, rosa, azul, laranja, prenúncio de um amanhã quente. Penso em todos os animais que fizeram parte da minha vida e já se foram dela: a Pantufa, leal e chorona perdigueira, que aceitava máscaras, óculos de sol e até ser montada por uma menina infantil; Becas, o meu primeiro gato, sem dentes, sem um pulmão, mas com um coração tão grande que julgo respirava por ele; a Lola, gata independente, gata de costas de sofá e costas da dona; a Tina, a preta, esguia, pegajosa e ansiosa por um canto de pernas onde dormir; o Zé, gatinho persa com hálito de peixe e desejos de dormir na cabeça dos donos; a minha querida Xica, gata de oito vidas, a quem dei o último banho, a quem tratei e cuidei como um filho que sabemos doente para a vida, a quem aqueci na lareira, a quem encontrei enregelado longe da casa quente. Chorei todos como uma família, relembro todos, esta noite, e os momentos de felicidade e carinho puro que vivemos em noites assim.
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