Não são as coisas perfeitas, mas os olhos de quem as vê. Isto é válido para o coxo que passeia na estrada, sem medo da cacimba, para ver a gorda que estende a roupa no estendal do lado que o sol se põe. Também à mulher da tasca lhe parece bonito o enfezadinho que engole um bagacinho para aquecer, lápis na orelha, botas sujas de lama, cheiro a tabaco que se entranha. O homem que acredita que a puta é perfeita, um corpo delicioso, só seu, olhos enamorados, promessas de fidelidade, casa composta, até que a morte nos separe - o próximo cliente. O canito cego de um olho, adorador do brutamontes de cada vez que chega, osso numa mão, cinto na outra, o dono perfeito, amigo para esta e outra vida, onde estará que há três dias não aparece?
Não são as coisas perfeitas, mas os olhos de quem as vê. Como as mamas que apontam para o chão quando a mulher ganha quatro patas e o marido um rugido. Uma paragem no tempo que apenas se eterniza nos olhos de cada um e no meu cérebro que os imagina a rirem-se de mim, a espreitá-los.
A lente certa, a retina que se abre em forma de coração, o filtro da beleza colocado nos olhos, pelo peito.
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