terça-feira, 10 de junho de 2014

Final da tarde

Aproveitar o dia aqui é aproveitar das seis da tarde em diante, quando o Sol é suportável e só temos de catrapiscar os olhos se quisermos ter uma conversa cara a cara, que usualmente deixamos para horas mais tardias. Agora, há um vento quente a que a gente se habitua com os anos, que ao princípio quase sufocava e agora até sabe bem. A esta hora aqueço os pés ao sol, no cimento quente, por onde passam linhas e formigas que não descansam. Os pássaros barafustam antes que a noite caia e apanham pedacinhos de palha para fazer o leito nocturno. Daqui a uma ou duas horas cedem os sons às cigarras e aos sapos enormes. O vento continuará frio até que os pés se enregelem e peçam o pecado de umas meias quaisquer. Vêm os mosquitos que comem de nós até rebentar, cabeça, pés, dedos, tudo lhes serve. São como amantes vorazes que depois de estar tudo feito, voam para outras paragens. No dia seguinte, é tudo igual.

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