segunda-feira, 24 de março de 2014

Dia afunila como o coração

Agora que o dia está a chegar ao fim, e eu nem sei bem como começou, nem o que sucedeu, deparo-me com uma pergunta tão inútil como a perplexidade com que deslumbro diariamente o sol a pôr-se: como se sente um coração angustiado? Pequenino? Mirrado? Quase a sumir-se? Ou grande demais para o buraco que deus lhe reservou? Quase a rebentar as amarras da carne e dos ossos? Penso que a resposta certa é: tem dias. 
Hoje, voto na segunda opção. O meu coração angustiado está tão cheio que parece explodir, ter espaço para os cinco continentes, hemisfério norte e sul, e depois um garrote, como uma gorda se aperalta para parecer magra e corta com a ponta da faca com que lambusou o pão com manteiga, mais um buraco na fivela do cinto.
A dor anula a existência, o espaço, o tempo e todas as coisas.
Não me macem com pentelhices. 
Deixem-me estar e fujam caso oiçam um estrondo.

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