Enquanto é possível ver o pico da serra, sento-me ali no banquinho de pedra a ver se chegas. Dali consigo avistar uma parte do caminho da entrada até à garagem. Ouvem-se duas gralhas e uma gaivota que deve estar perdida e os olhos também se confundem com a ambiguidade da pouca luz desta tarde. Parece que oiço o motor do teu carro enferrujado pela estrada de terra batida, mas não és tu quem chega. Quantos carros desses haverá por aqui?
A árvore maior que se destaca como aquelas rapariguinhas altas e desengonçadas que havia na escola, mochilinha às costas, soquete até ao joelho. O que diz ela que me confunde?
Deixo de ver o pico novamente e o vento volta a soprar com mais força. Vem aí chuva. Quem me dera fosse diluviosa que limpasse tudo, mas só depois de chegares, amor. Que a água limpe tudo e nós possamos, depois de abraçados um ao outro, acordar outra vez para um dia novo, com luz que fere os olhos, mãos rodopiando entre as cinturas, uma outra estrada para percorrer.
Vem depressa. Está a chover e estou farta de estar sozinha.
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